sábado, 14 de julho de 2018



TU
teu coração já não bate no meu peito
já não me extasia o vento das manhãs
nenhuma estrela compõe o céu
que um dia fomos
(só pra que saibas...)
o gris das noites já não me apavora
nem os gritos de solidão nas vagas do oceano
tampouco os lobos que expreitam em desespero
lembro-te ainda
e choro
pelas miragens perdidas
pelo encantamento que se foi
pelos rios que secaram
pelo esquecimento do barco nas tormentas que vivemos
pelo vazio nas noites quando apagávamos as estrelas
pra que apenas nossa luz se acendesse
amo-te ainda
tu sabes
embora consciente
de que nada importa
quando morrem os desejos
quando perdemos os sonhos
quando termina o caminho
e quando os braços já não são abrigo
houve
já não há
aquele pulsar desordenado que fragmentou minha alma
a dor das horas de espera
aquele sentimento bonito que escrevi
aquele desejo de sentir teu peito em sintonia com o meu
houve
e ainda há
(na minha doce ilusão)
o aroma de tua pele
o delírio dos teus lábios ao tocar os meus
a magia do teu corpo que ainda me permite sonhar
que ainda me faz permanecer na mesma janela
que um dia me trouxe você
Margarida Di



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